O rompimento da barragem da Samarco completou dois meses na terça-feira (05/01/2016). E a cidade de Barra Longa, a 70 quilômetros do local do desastre, ainda não voltou à normalidade.
As margens do Rio do Carmo, em Barra Longa, estão cobertas de lama. Seu Sidney Magalhães criava vacas para produção de leite. Os animais tiveram que ser levados para terras alugadas. “Já fui lá, já mandaram cadastrar, até agora não resolveram nada”, afirma o produtor rural.
Em uma das ruas mais afetadas da cidade, ficava um restaurante à beira do rio. Agora, ele está fechado. Assim como todas as lojas, oficinas, tudo da rua, a lama invadiu tudo e boa parte dela continua no lugar.
Fredson tinha uma oficina lá. Agora, ele está trabalhando na rua. Disse que não está ganhando o suficiente e por isso está cheio de contas atrasadas.
“Se eu estivesse ganhando e as contas estivessem pagas, eu arrumava outra loja para trabalhar, outro lugar e estava trabalhando. Mas eu estou na rua, trabalhando na rua. Não tem como. Meu nome está sujo, porque sujou, por causa de cheque, de boleto, muitos cheques do meu pai, da minha sogra, que eu pego emprestado. Voltou tudo, virou bagunça”, desabafa Fredson Ferreira Trindade, mecânico.
Segundo a Defesa Civil de Barra Longa, 230 pessoas foram afetadas pelo desastre na cidade. A mineradora Samarco contratou moradores dos distritos que foram destruídos pela lama para trabalhar na reforma e limpeza de prédios e casas.
As casas mais atingidas tiveram que ser abandonadas. A lama baixou e percebe-se que máquinas trabalharam na área. Abriram valas e uma outra maior para escoar a água em direção ao rio.
Moradores da região não se conformam com a degradação do rio. “O rio era lindo. Com muito peixe, muita capivara andando. Hoje acabou tudo”, diz.
A Samarco afirmou que 450 pessoas trabalham na limpeza das ruas e das casas de barra longa. E que, em 90 dias, deve terminar o serviço. A mineradora também declarou que montou um posto na cidade pra atender e orientar os moradores e produtores rurais.